VIDA E OBRA DE MANOEL NERYS DE ALMEIDA
Origem
No dia 24 de maio do ano 1976, nasce Manoel Nerys de Almeida, no município de Tapauá no Rio Purus, interior do estado do Amazonas. Filho de caboclos ribeirinhos, seu pai Francisco Chagas de Almeida, seringueiro, agricultor e carpinteiro e sua mãe Terezinha Nerys de Almeida, agricultora, uma mulher de alma pura como a beleza das flores e o brilho das estrelas no olhar. É o quarto filho do casal Chaguinha e Terezinha que ao todo tiveram oito filhos, cinco homens e três mulheres. Em 1979 o casal com seus cinco filhos, até então, se mudam da cidade de Tapauá em direção ao território de Manacapuru. Manoel tinha 3 anos de idade.
Em Manacapuru, fincam sua 1ª morada na Costa do Canabuoca, nas propriedades do Senhor Paulo Campelo área rural do município. Hoje nesta localidade fica a comunidade católica de São Francisco de Assis. Estando naquele lugar apenas até o ano de 1981, pois no verão do dia 25 de agosto, mais uma vez toda a família embarca para mais uma viagem de mudança aportando num lugar aprazível, um recanto natural, no lago do Miriti onde hoje fica o Paraíso D’ ngelo.
Infância.
Passou parte de sua infância tomando banho de cuia nas margens do Miriti, com seus irmãos brincando de ser caçador, pescador, mateiro, ouvindo as histórias da cobra grande e das visagens daquele universo mágico da beiro do rio, enquanto observava o pai que se dedicava ao artesanato utilitário como carpinteiro, o que foi, de maneira inconsciente, onde lhe ocorreu seus primeiros contatos com expressões da arte. Cresceu como um legítimo filho das terras de Manacá.
A partir de 1983 a família ganhou novos membros. Dava início a chegada das mulheres suas irmãs, foram três já nascidas em Manacapuru. Em 03 de junho de 1999, selou seu matrimonio com Cibélia Tavares de Souza, uma jovem professora, que o encantara com sua exótica beleza negra, com quem tem um filho o Thiago Souza de Almeida. Anos mais tarde a vida lhe traz uma linda e amável surpresa, uma filha adotiva, sua sobrinha a Eloísa Vitória Tavares de Almeida que passa a fazer parte do seu núcleo familiar e o xodó da casa.
3. FORMAÇÃO
Manoel Nerys (assim passou a se identificar) é graduado na Escola Normal Superior pela Universidade de Estado do Amazonas, e especializou-se em Teologia Pastoral pelo ITEPES em curso de férias na diocese de Coari.
Fez curso técnico em serigrafia pelo programa RENDAMAIS do governo do estado no ano de 1999.
Além da formação familiar, teve encontros decisivos na sua vida que o influenciaram definitivamente como cristão e como artista do nosso tempo nos congressos e festivais de música e arte da Pastoral da Juventude na Prelazia de Coari o chamado CONFEST. Como primícias, tem o rigor de ir buscar as origens e tradições tanto da própria fé quanto do povo brasileiro em especial atenção aos povos da Amazônia. Um pesquisador laico, apoia-se na experiência dos Santos Padres da Igreja, na riqueza do rito ocidental e nas expressões artísticas latino-americana.
Para Manoel Nerys, os três grandes alicerces de sua obra são:
A arte e a fé cristã: De família tradicionalmente católica, Manoel Nerys logo iniciou sua caminhada em grupos de catequese na comunidade Nossa Senhora do Perpetuo Socorro, na periferia de Manacapuru lá também ingressou bem cedo no grupo de jovens JUCRIS da Pastoral da Juventude, de onde em muitos aspectos construiu seu jeito de pensar e agir. Suas letras em que compõe, dizem muito dessa realidade pastoral.
O pastoralismo: Militante da Pastoral da Juventude teve intensa formação para assessoria técnica pela Paróquia Nossa Senhora de Nazaré na Diocese de Coari/Am, onde fez sua militância na instância paroquial e dedicou grande parte do seu tempo a assessoria dos grupos de juventude da paróquia Nossa Senhora de Nazaré, contribuindo de forma efetiva também na ação pastoral da Diocese de Coari. Foi neste ambiente que sua formação espiritual-litúrgica e artística se consolidou. Na área das artes plásticas segue como admirador dos autores progressistas da linha da TL.
O Concílio Ecumênico Vaticano II: o artista se considera fruto deste movimento que trouxe novos ares à Igreja. Com o lema “Uma volta às fontes” – Ad fonts (Doc. Perfectae Caritatis, n. 2 – 28/10/1965), o Cristo volta a tornar-se a presença e o centro de toda a Igreja e a Palavra era redescoberta e deveria questionar e plasmar a vida do cristão e da comunidade.
Grande admirador e seguidor de Claudio Pastro, Manoel Nerys se inspira nos traços, nas cores e no estilo iconográfico expressado nas linhas dos livros publicados desse grande mestre, redescobrindo temas que trouxeram à tona os conceitos de Imagem, Espaço Sagrado, e sobretudo, Arte e Beleza, em concordância com os documentos do Concílio Vaticano II.
4. PROFISSÃO
Trabalhou, em seu primeiro emprego, como artista plástico na área de serigrafia pela DISBEM, empresa representante dos produtos da Antártica em Manacapuru no ano de 2000. Depois, logo em seguida, atuou como professor da EJA pela Secretaria de Educação do Município durante o período de quatro anos. No ano de 2006 recebeu um chamado para ajudar na equipe ribeirinha da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, antiga Pastoral Rural. O convite foi feito pelo então, Reverendíssimo Senhor Pe. Zenildo Luiz CSsR, pároco na época, (atual Bispo da Prelazia Borba/Am) para ajudar a ilustríssima senhora Dolores, que atuava sozinha como funcionária leiga no atendimento às comunidades Rurais da Paróquia. Na companhia de Dolores trabalhou de 2006 a 2010 quando esta aposentou-se por tempo de serviço. Daí por diante Manoel assumiu efetivamente o comando dos trabalhos das comunidades da Zona Rural, ganhando uma notória e expressiva liderança entre os leigos dessas comunidades. Numa segunda-feira, 15 de junho de 2019 depois de 13 anos de trabalho, Manoel se despediu do quadro de funcionários da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré para assumir novamente a função de professor do magistério pela SEDUC/Am. Atualmente então, está lotado como professor de ciclo na Escola Estadual de Ensino Fundamental Leopoldo Neves.
5. Primeiras manifestações de interesses pela pintura.
Desde muito pequeno descobriu o dom de desenhar, na escola primária já fazia a diferença com seus desenhos escolares que chamavam atenção de colegas e professores. Gostava de desenhar personagens e super-heróis dos desenhos animados da TV, como He-Man, Super-Man, Batiman, os Thundercats eram seus preferidos. Descobriu o manejo de pincel e tinta de modo bem inusitado. Certa vez viu seu pai produzir pincel de uma espécie de capim popularmente conhecido como “capim navalha”, para passar piche de vedação numa canoa. Daí teve a ideia de fazer seu pincel e também produzir tinta de argila colorida. Deixou uma tábua dos restos de madeira de seu pai bem colorida de tinta de barro. Foi o seu treinamento no trato com pincel e tinta.
Figura 1 Capim Navalha
Aos 12 anos já garantia o dinheiro de seu lanche da escola fazendo trabalhos de pintura escolar sob encomenda. No ano de 2004 foi um marco na sua carreira, quando começou em parceria com o também artista plástico o Chiquinho D’Almeida a organizar trabalhos para uma exposição de arte, que deu origem a uma produção rica e diversificada. A exposição aconteceu em 2005 na galeria do SESC restauração em parceria com SESC, Secretaria de Cultura do Munícipio e o apoio da paróquia Nossa Senhora de Nazaré.
6. SUA PRODUÇÃO ARTÍSTICA
Quando criança também, brincava de tocar em um instrumento de corda feito de lata de goiabada que seu pai fazia. Aprendeu a tocar e cantar na igreja acompanhando os cantos litúrgicos e animando encontros da juventude. Foi o caminho inicial para se tornar um dos mais conceituados "letrista da música regional cristão" da Amazônia.
7. Enveredou com afinco um caminho da arte fonográfica, com a música e fez desta modalidade a sua maior expressão; lançou um álbum independente com estilo alternativo em 2009. São de sua autoria os alegres hinos “Nossa Vida é Missão”, também conhecido como Hino missionário Amazônico e “Rotina Ribeirinha” que misturam o teor da música cristã com o regionalismo que é marca de sua obra.
São obras musicais de sua autoria:
Álbum Nossa vida é Missão, CD, gravadora DM studio com 13 faixas, Manacapuru (2009)
01-Bicho Homem, 02-Destino Azul, 03-A Devida Dívida, 04-Nossa Vida é Missão, 05Primavera sem Flores, 06-Irmão Amigo, 07- Leigos do Povo, 08- Mãe de Nazaré, 09- Resposta do Amor, 10- O Retorno, 11- Manacá, 12-Canoeiro, 13- Rotina Ribeirinha.
Álbum Missa Ribeirinha, CD, Studio: Max Studio, 17 faixas, Manaus (2019)
Lançado em parceria com o Sandro Duda (missionário redentorista) e Erica Silva. Letras e melodias feitas em parceiras e gravados nas vozes individuais cada faixa.
Na Assembleia Regional da CNBB em 2016, Manoel Nerys foi citado como "o primeiro cantador de expressão regional da missão local da igreja da Amazônia" pois até pouco tempo atrás, só se tinha composições relativas à missão da igreja vindas de outros estados e regiões.
2. Obras Plásticas
• Mãe índia, óleo sobre tela; 60x80cm - realismo contemporâneo (2005)
• A canoa empanemada, óleo sobre tela; 90x1,20cm - impressionismo (2005)
Gorugel (Bicho Papão), óleo sobre tela; 60x80cm (2005)
Sororoquinha amarela, óleo sobre tela; 45x60cm (2005)
O Boto, óleo sobre tela; 60x80cm realismo contemporâneo (2005)
Mãe Ribeirinha, óleo sobre tela; 60x80cm (2005)
Trindade Santa, óleo sobre tela; 60x45cm (2004)
Inculturação, óleo sobre tela; 60x80cm (2005)
O crucificado, óleo sobre tela; 60x80cm (2005)
O Altar canoa, óleo sobre tela; 60x80cm (2014)
Canoa de vela, óleo sobre tela; 50x40cm (2004)
Arte Ordenação Padre Raimundo Gordiano, painel acrílico sobre tela, 5x6m (30/10/2004,)
A lenda da Vitória Régia, óleo sobre tela; 60x80cm (2005)
Índia tocando violão, acrílica sobre tela; 60x80cm (2006)
Paisagem amazônica, óleo sobre tela; 60x80cm (2008)
Preciosíssimo Coração, óleo sobre tela; 60x80cm (2008)
O pescador, óleo sobre tela; 60x80cm (2008)
Réplica do quadro Nossa Senhora do perpétuo Socorro, acrílico sobre tela; 60x80cm (2009)
Paisagem amazônica, Miriti, óleo sobre tela; 60x80cm (2009)
Paisagem amazônica, óleo sobre tela; 80x80cm (30/10/2009)
Paisagem amazônica, óleo sobre tela; 60x80cm (05/12/2009)
São Francisco de Assis, mista óleo e acrilico sobre tela; 80x100cm (2010)
Painel litúrgico, Igreja Nossa Senhora de Fátima, semi brilho12x2,50m (2017)
Santíssimo Redentor, painel, presbitério da capela na casa de formação Redentorista São Lazaro, Manaus-Am. 200x250cm (2019)
Painel litúrgico, presbitério da Igreja Nossa Senhora do P. Socorro, semi brilho15x4m (2019)
3. temática(s) predominante(s) nas obras
1. O trabalho de Manoel Nerys como artista sacro e secular, transita, nos diversos gêneros da pintura - retrato, natureza-morta, paisagem etc. A pintura de gênero que faz referência às representações da vida cotidiana, do mundo do trabalho e dos espaços domésticos, é a marca predominante do seu fazer artístico não somente nas artes plásticas como também na música.
4. exposições e eventos nos quais expôs
Exposição de Arte plástica: “Caminhos de Rio”, no galeria café do SESC Restauração, Manacapuru.Am (2005).
Exposição de Arte plástica: na Escola Estadual Nossa Senhora de Nazaré, Manacapuru.Am (2006).
Exposição de Arte plástica: no Salão da casa de Retiro Laura Vicuña, Manaus.Am (2010).
Exposição de Arte plástica: na galeria do SENAC, Manacapuru.Am (03.04.2014).
5. Lugares (públicos ou particulares) onde encontram-se algum(uns) de seus trabalhos
Suas obras estão espalhadas em coleções particulares e em entidades como Cúria Diocesana de Coari, Cidade de Coari, Casa Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré, Sede dos Sindicatos dos Professores do Município de Mancapuru-Am;
Escritório Paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Nazaré em Manacapuru; Propriedade do senhor Moisés Aguiar, ManacapuruAm;
Casa das Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo em Manacapuru-Am;
Demais obras perdeu⁻se o destino, compradores anônimos fizeram aquisição sem registros o que impossibilita se saber a localização das mesmas.
5. Selecionar no mínimo três e no máximo cinco obras para constar de sua biografia.
Figura 2 Exposição no SENAC Manacapuru (2014)
Figura 3 Trindade Santa, óleo sobre tela(2005)
Figura 4 Preciosíssimo coração,óleo sobre tela(2009)
Figura 5 Mãe índia, óleo sobre tela(2005)
Figura 6 A canoa empanemada, óleo sobre tela(2005)
Figura 7 India tocando violão, acrílico sobre tela(2008)
Figura 8 Mãe Ribeirinha, óleo sobre tela(2005)
Figura 9 Exposição no SENAC Manacapuru (2014)
Figura 10 Pintura vitral, O Cordeiro Pascal(2019) Presbitério da Igreja Nossa S. do P. Socorro.
Figura 11 Pintura do Presbitério da Igreja Nossa S. do P. Socorro.
Figura 12 Pintura de vitral, O Cordeiro Pascal(2019) Presbitério da Igreja Nossa S. do P. Socorro.
Figura 13- Painel Cristo na sinagoga, capela Viva Memória, Igreja Perpétuo Socorro, no Educandos, Manaus.
Figura 14- Arte Gráfica Cristo aponta para a Amazôni
a, estampada numa bolsa de algodão, entregue nas mãos do Pontífice Papa Francisco, no Vaticano, junho de 2024.