Descrição Heráldica: Escudo cortado em três partes. Um lado verde com a figura de Sant’Ana, carregando nas suas mãos o livro da Lei de Deus, ensinando Maria Mãe de Jesus ainda mocinha. O segundo lado de azul, com a figura de uma arvore e uma arara de asas abertas. Ao centro a Eucaristia sobre um altar de canoa com dois remos, passados em aspa, um deles carregado das letras grega “IC” em vermelho, e o outro carregado das letras “XC”. A terceira parte traz as cores marrom e creme em faixas onduladas num movimento de ondas de rio. Dois peixes (jaraqui) de prata com as listras nas caudas. Listel com a legenda, em marrom escuro, “Diocese de Coari”. O todo é encimado por uma mitra de ornada de ouro, forrada de vermelho, com suas ínfulas pendentes que trazem em cada lado o monograma XP com as letras grega alfa (A) e ômega (Ω) de vermelho e ouro. Na borda da Mitra e centro traz arabescos de grafismo indígena em ouro e no campo branco da mitra tem 7 canoas acompanhadas de um remo. Escudo brocante sobre uma cruz processional de madeira roliça e um báculo do mesmo com três folhas de broto, passados em aspa.
Descrição Simbólica:
A imagem da Padroeira da diocese Sant’Ana ensinando nossa Maria, a Santíssima Mãe de Deus é uma prece para que ela nos ensine também a seguir sempre com zelo os preceitos do nosso Deus. O fundo verde, simboliza a natureza, toda a beleza da criação de Deus. É cor da natureza viva, é uma referência ao crescimento, à renovação e à plenitude. O verde nos lembra a virtude da esperança, o valor da liberdade. A Igreja Diocesana é Amazônica, revestida de esperança em Cristo, como diz São Pedro: "Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande misericórdia ele nos fez renascer pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma viva esperança," (1Pd 1, 3)
O fundo azul reafirma o simbolismo Mariano, na qual grande número das paróquias atuais trazem como padroeira um título de Nossa Senhora. A arvore e a arara, no campo azul nos dizem: Tudo está interligado na vida da diocese, a ação pastoral da desta diocese é assumida geopoliticamente: (geo) no cuidado com a Criação (política), no cuidado com os bens da Casa Comum representados pela árvore - flora e a arara – animal da fauna amazônica. Esse compromisso é bem claro nos documentos históricos da Diocese. A Igreja Diocesana chegará mais longe sempre tecendo os caminhos do bem viver e do bem conviver com os outros e também com os bens da criação. A árvore sinal da flora amazônica é uma figura representativa do ciclo da Vida da Igreja semeada nas terras dessa parte do médio Amazonas, pelos primeiros missionários que aqui passaram semeando o Evangelho, que brotou e cresceu se tornando uma frondosa arvore fonte de vida, esperança e fé no coração do povo Amazonense.
Ao centro a Eucaristia sobre um altar de canoa com dois remos, indicando a centralidade da nossa fé que é marcadamente Cristocêntrica. Quando Cristo, vossa vida, aparecer, então também vós aparecereis com ele na glória. (Cl 3,4) A Diocese é a casa do Pão Eucarístico.
Os remos passados em aspa, carregam as letras gregas “IC” em vermelho, e o outro com “XC”. Na iconografia ortodoxa grega, assim como na iconografia cristã inicial, a posição da mão que abençoa forma as letras IC XC, uma abreviatura das palavras gregas Jesus (IHCOYC) Cristo (XPITOC) que inclui a primeira e a última letra de cada palavra. "O altar canoa e os remos sobre a água, simbolizam a fé celebrada nas comunidades encharcadas da força determinante dos rios, que na enchente inundam cidades inteiras no território da nossa Diocese, onde o Sacrifício Pascal de Cristo se une no altar inundado, aos sacrifícios da vida do povo ribeirinho, trabalhadores incansáveis que, em um período que corresponde a meses, utilizam-se deste meio de transporte para o seu ir e vir, no celebrar e no labutar.
Nas cores marrom e creme as faixas onduladas que dão sentido de movimento de ondas de rio. Representam os nossos caudalosos rios da nossa bacia amazônica, que trazem esses tons barrento, como o grande Solimões e os rios escuros cor de café fonte de sustento para toda população de nossa Diocese. A cor marrom, nos remete aos barrancos, e ainda o chão, Solo, nosso chão de missão a qual fomos chamados a assumir o anúncio do Evangelho, a boa Nova semeada no chão da Diocese, para que vivam com liberdade e dignidade todos os filhos deste chão sagrado. Cristo aponta para a Amazônia (cf. Paulo VI, Mensagem aos peregrinos de Belém do Pará, 10.10.1971). Ele liberta todos do pecado e outorga a dignidade dos Filhos de Deus. A escuta da Amazônia, no espírito próprio do discípulo e à luz da Palavra de Deus e da Tradição, nos conduz a uma profunda conversão dos nossos planos e estruturas a Cristo e ao seu Evangelho.
Os Dois peixes jaraqui de prata com as listras nas caudas. Os peixes, são de uma riqueza abundante nas águas dos nossos rios, e o jaraqui é uma espécie icônica da região. E aqui no brasão ele expressa a frase: Iesus Christus Theou Yicus Soter, que em português significa “Jesus Cristo, de Deus o Filho Salvador”. E se pegarmos algumas letras formaremos a palavra ICHTHYUS que significa peixe. A união de dois arcos, forma a imagem de um peixe estilizado e representa nossa irmandade, irmãos na fé. O peixe está para a mesa do caboclo, assim como o pão está para a mesa dos povos da bíblia. Também evocam nossas práticas de caridade pela partilha oferecida quando se faz uma pesca abundante. "Tua caridade me trouxe grande alegria e conforto, porque os corações dos santos encontraram alívio por teu intermédio, irmão." (Filêmon 1,7).
A mitra ornada de ouro, com suas ínfulas pendentes trazem em cada lado o monograma XP com as letras grega alfa (A) e ômega (Ω) de vermelho e ouro. No caso do monograma Χρ, trata-se de duas letras do alfabeto grego que representam as iniciais do nome de Cristo em grego (Χριστός). É, portanto, o monograma de Cristo. A borda da Mitra e o centro trazem arabescos de grafismo indígena em ouro que lembram a riqueza simbólica herdada dos povos tradicionais que formaram a identidade cultural da população desta região. No campo branco da mitra tem 7 canoas acompanhadas de um remo que representam os 7 municípios que correspondem ao território da diocese de Coari. a Cruz e o Báculo, símbolos característicos de uma Diocese, fazem parte da composição de um brasão diocesano, conforme as regras da heráldica.
Escudo brocante sobre uma cruz processional de madeira roliça ressalta que nossa diocese tem um rosto simples de pessoas humildes, caboclos ribeirinhos que não se identificam com objetos sacros muitos luxuosos. Nossa riqueza está na nossa humildade e capacidade de viver a alegria do evangelho nas coisas simples. Por isso a opção por símbolos feitos de madeira como os encontrados nas igrejas de nossa Diocese. O báculo do mesmo, com três folhas de broto, lembram os três pilares da nossa doutrina católica, assumidas pela catequese do nosso episcopado ao longo de nossa história: a Bíblia, a Tradição e o Magistério da Igreja.
Autor Manoel Nerys