EXPLICAÇÃO DA LOGO PARA O JUBILEU DE 160 ANOS DA PARÓQUIA NOSSA SENHORA DE NAZARÉ – MANACAPURU – DIOCESE DE COARI AM.
Por Manoel Nerys
Os elementos simbólicos que compõem o desenho querem trazer presentes alguns elementos identitários da história da nossa Paróquia nesses 160 anos:
A imagem no todo apresenta a figura da elevação do Pão Eucarístico a hóstia consagrada, erguida por sobre o horizonte da Palavra, como um Sol Nascente, para lembrar que a Igreja nasce e vive por causa da celebração da memória pascal de Cristo. Como o Papa João Paulo II, afirmou que “a Eucaristia é o sacramento da Igreja que constrói a Igreja”. (JOÃO PAULO II. Dies Domini 1998).
O numero 160 na base. É o ano, tempo.
- A igreja Matriz centenária: construída originalmente toda em estilo neoclássico no século XIX. Ela é um dos principais monumentos históricos da cidade e representa a fé católica dos seus habitantes, como a casa sobre a rocha: “E eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.” (Mateus 16,18)
- A imagem de Nossa Senhora de Nazaré: é a padroeira da cidade e da freguesia de Manacapuru. Nós a veneramos e celebramos essa devoção pela Mãe de Jesus Cristo levando a sua imagem em procissão todos os anos no ultimo domingo de outubro, dia da festa da padroeira onde toda a paroquia pede a Virgem Maria, intercessão pelas necessidades do povo de Manacapuru - (João 2,1-12) Por isso a Imagem se agiganta por sobre as casas.
- As casas populares do início da história: o desenho traz construções típicas da época da fundação da cidade, taperas feitas de madeira e cobertas de palha ou telhas. Elas refletem a simplicidade e a cultura dos primeiros habitantes de Manacapuru, que eram em sua maioria índios da etnia Mura. São ninhos de passarinhos, que acolhem com aconchego o Filho do homem, como presépios para que ele recline a cabeça. (Lucas 9,58)
- A seringueira e a castanheira: são árvores nativas da Amazônia, que tiveram grande importância econômica e ecológica para a região. A seringueira produz o látex, matéria-prima da borracha, que foi um dos principais produtos de exportação da economia de Manacapuru no século XIX e início do século XX época conhecida como “tempos áureos da borracha”. A Castanheira produz a castanha da Amazônia , um fruto rico em nutrientes e muito apreciado na culinária local. Muito importante para a economia local, como a seringueira formavam grandes áreas de seringais e castanhais onde famílias inteiras garantiam seu sustento como os seringueiros e os quebradores de castanha, nativos que formaram os primórdios da Igreja local. Eles viviam uma plena comunhão e harmonia com a criação “projeto de amor de Deus para a humanidade. […] A natureza não é apenas um bem que podemos explorar sem limites, mas é um dom do qual somos responsáveis, e que devemos transmitir às gerações futuras.” (Laudato Si’, 67)
- A cruz Redentorista: tendo o formato em perspectiva a cruz do desenho faz parte do símbolo da congregação dos Missionários Redentoristas, que chegaram em Manacapuru em 1943 e foram responsáveis pela evangelização e pela assistência social da população. Desde então têm trabalhado para estabelecer e fortalecer a Igreja Católica na região. Os missionários redentoristas desempenharam um papel importante na formação da Igreja Católica em Manacapuru. A cruz tem as letras CSSR, que significam Congregatio Sanctissimi Redemptoris (Congregação do Santíssimo Redentor). A Cruz é sinal de Redenção, de Vitória da Vida sobre a morte, é símbolo do Amor maior. Ela nos lembra o Amor Deus ao mundo, no qual Amou de tal maneira que deu o seu Filho unigênito.” (João 3,16) A Congregação dos Missionários Redentoristas ajudou a construir igrejas, escolas e hospitais em nosso município e realizaram missões para evangelizar a população local. Além disso, foram responsáveis por formar muitos padres e líderes religiosos locais, na zona urbana e rural que continuam a servir a comunidade até hoje.
- O Cordeiro Pascal com as gotas de Sangue derramando: é uma representação do sacrifício de Jesus Cristo, que morreu na cruz para salvar a humanidade dos seus pecados. “Este é o meu sangue da aliança, que é derramado por muitos para remissão dos pecados.” (Mateus 26,28) no coração com sangue derramando nos lembra a congregação das Irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo, que junto com os
Redentoristas nos ajudaram a edificar esta Igreja.
- As irmãs Adoradoras do Sangue de Cristo: por cima do coração temos as Letras ASC, que são as iniciais dessa Congregação, são uma congregação religiosa feminina, que se dedica à adoração do Sangue de Cristo e à promoção da justiça e da paz. Elas chegaram em Manacapuru em 1958 e trabalham na educação administrando os trabalhos do Colégio N. S. de Nazaré (na Imagem junto a Igreja centenária) , na saúde e na pastoral. As três gotas no Coração lembram o Sangue de Cristo que é o penhor da vida eterna, é a fonte da misericórdia divina, é o sinal da aliança eterna, é a força que purifica as consciências dos atos mortos. (Laudato Si’, 236)
- Faixa de mosaico colorido: Na linha horizontal do meio do Sol temos um mosaico colorido, de onde surgem figuras geométricas harmônicas, que dão ideia de espaços urbanos, moradias, formando um pano de fundo de retalhos da história. Representam a diversidade de dons e carismas, mas um só Espírito. Pois, os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. (I Coríntios 12,4-5).
Aí estão inseridos, pessoas , instituições que também queremos homenagear. Lembrando aqui todas as congregações religiosas que trabalharam em nossa paróquia. Citamos as Irmãs Franciscanas Amaricanas, as Irmãs Doroteias, Os Padres, e os missionários leigos das Missões Estrangeiras. Mas, também nossos missionários e missionárias leigos e leigas filhos das terras de Manacá, que teceram seu pedaço de retalhos neste grande pano de nossa história ( são Helósias, Venâncios, Marias Piedades, Josefas e Dolores, Lineides, Rondons, e tantos e tantas que fizeram e ainda fazem de sua vida uma missão neste chão.
- O Rio Solimões, o Rio Manacapuru e o Rio Miriti: representados nas linhas onduladas abaixo do livro aberto(Bíblia) estão os principais rios que banham a cidade de Manacapuru e que fazem parte da bacia hidrográfica do Amazonas. O Solimões na cor amarelado, o Rio Manacapuru na cor azul escuro e o Rio Miriti em tom de azul mais claro. Eles são fontes de vida, de transporte, de lazer e de pesca para os moradores da região. A água potável e limpa é um direito humano básico, porque é indispensável à vida e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos. […] A água desses rios são um bem comum que deve servir ao bem comum de todas as famílias de
Manacapuru .” (Laudato Si’, 30)
- O Altar Canoa da Igreja Matriz: feito de madeira em forma de canoa, é o Altar da Igreja matriz de Nossa Senhora de Nazaré. Ele simboliza a cultura ribeirinha, a devoção dos fiéis à padroeira da cidade. É símbolo da boa Nova que percorre os confins das estradas fluviais da área da Paróquia pelos seus missionários. “A cultura popular é um tesouro de sabedoria e valores. […] A cultura é mais do que bens culturais e serviços; é um modo de vida, um conjunto de valores e significados que são transmitidos através das gerações e que dão sentido à existência.” (Laudato Si’, 143)
- A Bíblia: é o livro sagrado da Igreja Cristã, que contém a palavra de Deus revelada aos homens através dos profetas, dos apóstolos e de Jesus Cristo. Ela é a fonte de fé, de esperança e de amor para os que creem em Deus. “Muitas vezes e de muitos modos falou Deus antigamente aos nossos pais, pelos Profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos pelo seu Filho” (Heb 1, 1-2). Cristo, Filho de Deus feito homem, é a Palavra única, perfeita e insuperável do Pai, (CI 65) que foi anunciada aos nossos pais e avos e congregou nossos antepassados ao redor desta Palavra para formar a Igreja nas terras de Manacapuru. O livro aberto faz memória dos inúmeros catequistas, ministros da palavra que muitas vezes foram alfabetizados lendo a bíblia cumprindo então a palavra que diz que “toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para instruir na justiça.” (2 Timóteo 3,16)
- A rede de pesca e os peixes: são elementos que representam a atividade pesqueira, que é uma das principais fontes de renda e de alimentação dos habitantes de Manacapuru. A rede de pesca também simboliza a missão dos cristãos de serem pescadores de homens, ou seja, de anunciarem o evangelho de Jesus Cristo a todas as pessoas. “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.” (Mateus 4,19) Os peixes na rede são os frutos da missão da Igreja de Manacapuru.
Os peixes: Na história da Freguesia de N. S. de Nazaré houve uma feitoria de pesca que existia na margem do rio Solimões, pouco abaixo da foz do rio Manacapuru, no final do século XVIII. Era responsável pelo abastecimento de peixes para a guarnição militar de Barcelos, que era a sede da Capitania do Amazonas antes de Manaus.
O peixe é um recurso natural abundante na região de Manacapuru e é uma importante fonte de alimento e renda para a população local. A pesca é uma das principais atividades econômicas da região e é responsável por fornecer empregos e sustento para muitas famílias.
A imagem do peixe para o povo ribeirinho é sacramental, é mística, lembra a história de Jesus alimentando seus discípulos com peixe assado no beiradão após sua ressurreição (João 21,1-14). Ao remeter a esta história o desenho nos faz refletir sobre a generosidade de Deus, o peixe é um símbolo da abundância e do espirito generoso dos caboclos que se fazem devotos da partilha.
Manoel Nerys
Artista Sacro, nas Artes visuais, Músico, Cantor, Compositor, Designer Gráfico.
Ministro Extraordinário da Palavra - Comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro-Biribiri, Paróquia Nossa Senhora de Nazaré _Mancapuru - Diocese de Coari-AM.